Hoje no final do editorial, que escreve no "Público", José Manuel Fernandes torna claro que há que escrutinar o carácter dos homens públicos ao afirmar, sobre umas declarações de António Costa ao R.C.P., : " Um homem inteligente tinha obrigação de não cair nessas ratoeiras, pois elas revelam aquilo que , aparentemente, não deseja que se escrutine : o carácter de um homem público."
Eu que não sou nem homem público nem inteligente acredito que isso já se faz há muito tempo. Como já tenho uma certa idade lembro-me do que o Dr. Mário Soares insinuou sobre o Dr. Sá Carneiro e o resultado viu-se : o Dr. Sá Carneiro foi eleito com maioria absoluta. Mais recentemente lembro-me dos autarcas Valentim Loureiro e Fátima Felgueiras triunfarem esmagadoramente nos respectivo burgos e o Dr. Isaltino Morais, mais à rasca, lá conseguir reconquistar a Câmara de Oeiras.
Curioso é o carácter dos políticos de outros tempos não ter sido escrutinado, ou melhor, investigado pela comunicação social. Era o tempo dos puros e impolutos. Bem sei que os modernismos americanos quando cá chegam é já em estilo de piadas requentadas das revista do Parque Mayer ( sem ofensa ).
Mas para ser isento deveria o Sr. José Manuel Fernandes ( ou é Doutor ? ) publicar investigações sobre o carácter de todos os candidatos à Assembleia da República, pois elegemos deputados, para os colocar em pé de igualdade e assim podermos nós, os eleitores, decidir com todos os dados e em consciência.
Já agora recordo ao Sr. José Manuel Fernandes que isso de carácter tem muito que se lhe diga. Já nas eleições legislativas de 2005 alguma comunicação social ( que não o "Público" ) trouxe para a praça pública o eventual homossexualismo ( que para eles seria revelador de mau carácter ) de José Sócrates o que não o impediu de conseguir a maioria absoluta.
Na altura, houve quem chamasse a esse jornalismo de sargeta. Se a memória não me atraiçoa José Manuel Fernandes também usou esse adjectivo ( ou será substantivo ?).
2 comentários:
Acho fundamental escrutinar o carácter. Por exemplo, um homem que se pôs em bicos de pés para ser engenheiro (e mesmo assim não sabemos se é); que assinou projectos de qualidade inqualificável; em que, ainda por cima, alguns eram de amigos que estavam impedidos legalmente; e, eventualmente, em outros estava ele ilegal por receber subsídio de exclusividade na AR... bom, esse homem não precisa ser gay para se perceber que não serve.
Só que do extremo neo-puritanista inquisitorial americano até ao bem latino "Eh pá, a gente sabe qu'o gajo é vígaro mas sempre vai fazendo uma coisas" há toda uma escala que pode ser aferida pelo bom-senso...
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