11/02/08

Escrutinar o carácter

Hoje no final do editorial, que escreve no "Público", José Manuel Fernandes torna claro que há que escrutinar o carácter dos homens públicos ao afirmar, sobre umas declarações de António Costa ao R.C.P., : " Um homem inteligente tinha obrigação de não cair nessas ratoeiras, pois elas revelam aquilo que , aparentemente, não deseja que se escrutine : o carácter de um homem público."
Eu que não sou nem homem público nem inteligente acredito que isso já se faz há muito tempo. Como já tenho uma certa idade lembro-me do que o Dr. Mário Soares insinuou sobre o Dr. Sá Carneiro e o resultado viu-se : o Dr. Sá Carneiro foi eleito com maioria absoluta. Mais recentemente lembro-me dos autarcas Valentim Loureiro e Fátima Felgueiras triunfarem esmagadoramente nos respectivo burgos e o Dr. Isaltino Morais, mais à rasca, lá conseguir reconquistar a Câmara de Oeiras.
Curioso é o carácter dos políticos de outros tempos não ter sido escrutinado, ou melhor, investigado pela comunicação social. Era o tempo dos puros e impolutos. Bem sei que os modernismos americanos quando cá chegam é já em estilo de piadas requentadas das revista do Parque Mayer ( sem ofensa ).
Mas para ser isento deveria o Sr. José Manuel Fernandes ( ou é Doutor ? ) publicar investigações sobre o carácter de todos os candidatos à Assembleia da República, pois elegemos deputados, para os colocar em pé de igualdade e assim podermos nós, os eleitores, decidir com todos os dados e em consciência.
Já agora recordo ao Sr. José Manuel Fernandes que isso de carácter tem muito que se lhe diga. Já nas eleições legislativas de 2005 alguma comunicação social ( que não o "Público" ) trouxe para a praça pública o eventual homossexualismo ( que para eles seria revelador de mau carácter ) de José Sócrates o que não o impediu de conseguir a maioria absoluta.
Na altura, houve quem chamasse a esse jornalismo de sargeta. Se a memória não me atraiçoa José Manuel Fernandes também usou esse adjectivo ( ou será substantivo ?).

2 comentários:

Jorge Pinheiro disse...

Acho fundamental escrutinar o carácter. Por exemplo, um homem que se pôs em bicos de pés para ser engenheiro (e mesmo assim não sabemos se é); que assinou projectos de qualidade inqualificável; em que, ainda por cima, alguns eram de amigos que estavam impedidos legalmente; e, eventualmente, em outros estava ele ilegal por receber subsídio de exclusividade na AR... bom, esse homem não precisa ser gay para se perceber que não serve.

Al Kantara disse...

Só que do extremo neo-puritanista inquisitorial americano até ao bem latino "Eh pá, a gente sabe qu'o gajo é vígaro mas sempre vai fazendo uma coisas" há toda uma escala que pode ser aferida pelo bom-senso...